Quatro parentes do governador Beto Richa (PSDB) ganham salários do governo e da prefeitura de Curitiba, além da mãe, que recebe pensão por ser viúva de ex-governador. Enquanto isso um educador de doutorado na rede pública com mais de 20 anos de carreira, não ganha nem a metade de um secretário municipal. Reajuste do funcionalismo foi de 6,5% que indignou paranaenses. Um deputado estadual ganha pouco mais de 20,4 mil e um parlamentar federal 26,7 mil reais, sem calcular benefícios.
De Curitiba- Um governador, dois secretários de estado, um secretário da prefeitura de Curitiba, uma presidente de fundação municipal e a viúva de um ex-governador. Desde de janeiro de 2011, a família Richa tem cinco integrantes recebendo salários por exercerem cargos de primeiro escalão nas administrações estadual e de Curitiba, além de uma pensionista que recebe vencimentos por ser viúva de um ex-chefe do Executivo estadual (veja quadro). Somados, os vencimentos dos integrantes da família custarão aos cofres públicos R$ 1,5 milhão por ano.
A árvore dos Richa no poder público traz, no topo, o governador Beto Richa (PSDB), eleito em outubro com 3 milhões de votos, o equivalente a 52,4 % dos eleitores paranenses. O governador receberá, nos próximos quatro anos, R$ 28,1 mil mensais, valor reajustado em decorrência do efeito cascata provocado pelo aumento dos vencimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizado pelo Congresso Federal. Uma lei estadual de 2002 vinculou o salário do governador do Paraná ao do presidente do STF – o teto constitucional do funcionalismo público brasileiro.
Confira quais são os integrantes da família de Richa que estão em cargos públicos
Os salários de pelo menos dois familiares – Fernanda Richa, a primeira-dama; e José Richa Filho, o irmão – também foram reajustados pelo efeito-cascata. Uma lei aprovada fixou os vencimentos dos secretários em 70% do salário do governador.
Fernanda é secretária estadual da Família e do Desenvolvimento Social. Richa Filho, o “Pepe”, assumiu a Secretaria de Infraestrutura e Logística, uma superpasta formada da união entre as atuais Secretarias Estaduais dos Transportes e de Obras. Ambos receberão vencimentos de R$ 19,6 mil por mês.
Cargos na prefeitura
Os dois já tinham cargos políticos na prefeitura de Curitiba durante a gestão de Beto Richa, entre 2003 a 2009. Na mesma prefeitura, agora nas mãos do aliado político Luciano Ducci (PSB), que tem um salário de RS 26,7 mil, estão lotados outros dois Richa. Ducci nomeou a tia da primeira-dama Fernanda Richa, Maria Christina Andrade Vieira, para a presidência da Fundação Cultural de Curitiba e o prefeito contratou Marcello Richa, filho mais velho do governador eleito, como secretário do Esporte e Juventude da prefeitura. Tanto Marcello quanto Maria Christina recebem cerca de R$ 12 mil mensais.
Além desses cinco integrantes da família, a ex-primeira dama Arlete Richa também recebe dinheiro público. Ela recebe a pensão que o estado paga a nove ex-governadores e a quatro viúvas de ex-governadores. Os valores da pensão correspondem a 95% do vencimento do governador – ou seja, R$ 25,2 por mês.
Nepotismo
A nomeação de parentes para cargos políticos, como o de secretário estadual e municipal, não é proibida pela súmula antinepotismo editada em 2008 pelo STF. Mas a prática foi motivo de críticas de Richa e de aliados de Beto ao ex-governador Roberto Requião (PMDB) em seus dois mandatos. Antes da edição da súmula, Requião chegou a manter uma uma dezena de parentes na administração. Depois, colocou no governo, em cargos políticos, mulher e dois irmãos.
Na avaliação do cientista político Ricardo Costa de Oliveira, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a prática não condiz com o discurso de modernização da administração adotado durante a campanha eleitoral. Para Oliveira, o eleitor de Richa que esperava mudanças ficou decepcionado com o grande número de parentes. “Vemos o nepotismo sendo ampliado, com o irmão em uma supersecretaria e a esposa assumindo uma pasta com um peso muito maior”, aponta ele. “Além disso, há conexão política com a prefeitura, perpetuando uma rede familiar que nega o princípio da impessoalidade no poder público.” Fonte Gazeta do Povo
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