sexta-feira, 6 de maio de 2011

Nepotismo? Família Richa custa R$ 1,5 milhão por ano aos cofres públicos



Quatro parentes do governador Beto Richa (PSDB)  ganham salários do governo e da prefeitura de Curitiba, além da mãe, que recebe pensão por ser viúva de ex-governador. Enquanto isso um educador de doutorado na rede pública com mais de 20 anos de carreira, não ganha nem a metade de um secretário municipal. Reajuste do funcionalismo foi de 6,5% que indignou paranaenses. Um deputado estadual ganha pouco mais de 20,4 mil e um parlamentar federal 26,7 mil reais, sem calcular benefícios.

De Curitiba- Um governador, dois secretários de estado, um secretário da prefeitura de Curitiba, uma presidente de fundação municipal e a viúva de um ex-governador. Desde de janeiro de 2011, a família Richa tem cinco integrantes recebendo salários por exercerem cargos de primeiro escalão nas administrações estadual e de Curitiba, além de uma pensionista que recebe vencimentos por ser viúva de um ex-chefe do Executivo estadual (veja quadro). Somados, os vencimentos dos integrantes da família custarão aos cofres públicos R$ 1,5 milhão por ano.
A árvore dos Richa no poder público traz, no topo, o  governador Beto Richa (PSDB), eleito em outubro com 3 milhões de votos, o equivalente a 52,4 % dos eleitores paranenses. O governador receberá, nos próximos quatro anos, R$ 28,1 mil mensais, valor reajustado em decorrência do efeito cascata provocado pelo aumento dos vencimentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizado pelo Congres­­­so Federal. Uma lei estadual de 2002 vinculou o salário do governador do Paraná ao do presidente do STF – o teto constitucional do funcionalismo público brasileiro.

Confira quais são os integrantes da família de Richa que estão em cargos públicos

Os salários de pelo menos dois familiares – Fernanda Richa, a primeira-dama; e José Richa Filho, o irmão – também foram reajustados pelo efeito-cascata. Uma lei aprovada  fixou os vencimentos dos secretários em 70% do salário do governador.
Fernanda  é secretária estadual da Fa­­mí­­lia e do Desenvolvimento So­­cial. Richa Filho, o “Pepe”, assumiu a Secretaria de Infraestrutura e Logística, uma superpasta formada da união entre as atuais Secretarias Estaduais dos Transportes e de Obras. Ambos receberão vencimentos de R$ 19,6 mil por mês.
Cargos na prefeitura
Os dois já tinham cargos políticos na prefeitura de Curitiba durante a gestão de Beto Richa, entre 2003 a 2009. Na mesma prefeitura, agora nas mãos do aliado político Luciano Ducci (PSB), que tem um salário de RS 26,7 mil, estão lotados outros dois Richa.  Ducci  nomeou a tia da primeira-dama Fernanda Richa, Maria Christina Andrade Vieira, para a presidência da Fundação Cultural de Curitiba e o prefeito contratou Marcello Richa, filho mais velho do governador eleito, como secretário do Esporte e Juventude da prefeitura. Tanto Marcello quanto Maria Chris­­tina recebem cerca de R$ 12 mil mensais.
Além desses cinco integrantes da família, a ex-primeira dama Arlete Richa também recebe dinheiro público. Ela recebe a pensão que o estado paga a nove ex-governadores e a quatro viúvas de ex-governadores. Os valores da pensão correspondem a 95% do vencimento do governador – ou seja, R$ 25,2 por mês.
Nepotismo
A nomeação de parentes pa­­ra cargos políticos, como o de secretário estadual e municipal, não é proibida pela súmula antinepotismo editada em 2008 pelo STF. Mas a prática foi motivo de críticas de Richa e de aliados de Beto ao ex-governador Roberto Requião (PMDB) em seus dois mandatos. Antes da edição da súmula, Requião chegou a manter uma uma dezena de parentes na administração. Depois, colocou no governo, em cargos políticos, mulher e dois irmãos.
Na avaliação do cientista po­­lítico Ricardo Costa de Oli­­veira, da Universidade Federal do Pa­­raná (UFPR), a prática não condiz com o discurso de modernização da administração adotado  durante a campanha eleitoral. Para Oliveira, o eleitor de Richa que esperava mu­­danças ficou decepcionado com o grande número de parentes. “Vemos o nepotismo sendo ampliado, com o irmão em uma supersecretaria e a esposa assumindo uma pasta com um peso muito maior”, aponta ele. “Além disso, há conexão política com a prefeitura, perpetuando uma rede familiar que nega o princípio da impessoalidade no poder público.” Fonte Gazeta do Povo

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