quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

"ACORDÃO" ENTRE O STF E SENADO GARANTE PERMANÊNCIA DE RENAN CALHEIROS NO CARGO

Por 6 votos a 3, Supremo decide que o peemedebista continua à frente do Senado, mas não pode assumir eventualmente Presidência da República.
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Senador Renan Calheiros (PMDB-AL)

Após senadores e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) costurarem um vergonhoso "acordão" nos bastidores, a maioria dos magistrados da Corte garantiu, por seis votos a três, a permanência de Renan Calheiros (PMDB) na presidência do Senado. Foi vitorioso o entendimento de que o peemedebista não poderá assumir a presidência da República em caso de ausência de Michel Temer, mas tem o direito de permanecer no cargo. O caso foi analisado por nove ministros. Gilmar Mendes não participou da sessão, pois está em viagem pela Europa. Luís Roberto Barroso havia se declarado impedido de participar do julgamento e também não votou. Três ministros que tinham votado, em julgamento de 3 de novembro, a favor de réus deixarem os cargos da linha sucessória da Presidência revisaram sua posição: Celso de Mello, Teori Zavascki e Luiz Fux. Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Carmén Lúcia seguiram a tese da maioria. Os ministros Edson Fachin e Rosa Weber acompanharam o entendimento de Marco Aurélio Mello, relator da matéria, contra a permanência do peemedebista no cargo. Ontem pela manhã, a imprensa já havia antecipado o "acordão" entre o STF e o Senado para Renan continuar na presidência do Senado, contanto que ele não pudesse assumir a Presidência da República em caso de ausência do presidente Michel Temer. Enquanto o STF analisava o caso, o Senado tirou a urgência da lei de abuso de autoridade, de autoria de Renan, vista como um resposta do presidente do Senado às investigações das quais é alvo. Por causa da ofensiva contra procuradores e juízes, Renan foi um dos alvos prioritários dos protestos do domingo (4) contra as mudanças aprovadas pela Câmara no pacote anticorrupção. Um dos pivôs da crise entre Senadoe STF, Marco Aurélio Mello reforçou os motivos que o levaram a conceder a liminar na segunda-feira (5) pelo afastamento de Renan. "A maioria do Plenário já tomou decisão nesse sentido." Para ele, a possibilidade de se manter um réu em um cargo da linha sucessória sem permitir que ele venha a assumir a Presidência revela "um jeitinho brasileiro" e uma "meia sola constitucional"
Marco Aurélio ironizou a atitude de Renan e do Senado de não cumprirem o afastamento do peemedebista da Presidência. "A esta altura, Renan está sendo tomado como um salvador da pátria amada. Sem ele, não teremos a aprovação de medidas emergenciais para combater a crise econômica", cutucou. "Faço justiça ao dizer que ele (Renan) não me chamou de juizeco. Tempos estranhos os vivenciados nessa sofrida República." Marco Aurélio afirmou ainda que a atitude de Renan de se recusar a aceitar a notificação representa uma “prática criminosa” e pediu a avaliação da Procuradoria-Geral da República.
Após o voto de Marco Aurélio Mello favorável ao afastamento, Celso de Mello pediu a palavra para apresentar seu voto, embora a ordem definida anteriormente estabelecesse que o próximo a analisar a matéria seria Fachin. Em 3 de novembro, Celso de Mello havia sido um dos seis ministros que votaram a favor de que réus deixem cargos na linha sucessória da Presidência. Na sessão de ontem, o decano retificou sua posição e abriu a possibilidade para Renan permanecer na presidência do Senado. Dias Toffoli, que havia feito um pedido de vista na sessão de 3 de novembro, também pediu para adiantar o voto e seguiu o entendimento de Celso de Mello. 

Entenda o caso 

Marco Aurélio Mello decidiu na segunda-feira (5), em caráter liminar, afastar Renan do cargo de presidente do Senado. O pedido de afastamento surgiu após a decisão proferida pela Corte na semana passada, que tornou Renan réu pelo crime de peculato. Segundo a Rede Sustentabilidade, que apresentou a ação, a liminar era urgente porque o recesso no STF começa no dia 19 de dezembro, e Renan deixará a presidência no dia 1º de fevereiro de 2017, quando a Corte retorna ao trabalho. Renan se recusou, porém, a assinar o mandado de intimação para se afastar do cargo. Na terça-feira (6), o Senado decidiu descumprir a determinação enquanto o plenário do STF não analisasse a ação sobre réus na linha sucessória da Presidência.
Em 3 de novembro de 2016, a Corte começou a julgar a ação proposta pela Rede. Havia uma maioria de seis votos pelo impedimento, mas a revisão da posição de Celso de Mello, Zavascki e Fux mudou o cenário. Com o novo entendimento da Corte, Renan pode permanecer no cargo, mas não assumir a Presidência em caso de ausência de Temer e Rodrigo Maia, presidente da Câmara e primeiro na linha sucessória da Presidência.

Ministro Marco Aurélio Mello
MAIRINCKNEWS

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